Ele aí vem. Ligeiro, agitado, caprichoso, vão. Sem densidade e sem espessura.
Sem raízes e sem passado. Nasceu hoje.
Produto de uma sociedade sem pai e sem mãe, de uma sociedade espantosamente tumultuária e espantosamente célere no seu curso declivoso, o destino desse homem parece flutuar num momento e num momento sumir-se. Apareceu e desapareceu, embora a sua existência venha a ter mais de oitenta anos. Levado à superfície de um Amazonas vasto como o mundo e precipitado como um rápido, esse destino diverte-se e angustia-se, angustia-se e diverte-se sem saber nem para onde nem para quê. Curarão de o saber aqueles que lhe seguem no encalço?
É duvidoso.
O homem-espuma sucede ao homem-máquina, ao homo mechanicus, de que fala Lewis Mumford. As características mais negativas deste poderiam ter sido evitadas como podem ainda ser evitadas as características mais negativas daquele.
O homem é um animal previsor e é um animal que se lembra.
Quererá ele utilizar esta sua dupla faculdade ou preferirá entregar-se à fatalidade das forças que, pelo próprio desencadeadas sem cura de as dominar e de as orientar no sentido da sua melhor realização?
A palavra foi-lhe dada para ele poder responder.
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